domingo, 1 de junho de 2008

Pressa

Temos alguma pressa, mas não urgência. Ainda parece razoável que a espera se estenda por alguns dias, meses ou mesmo anos, desde que poucos o suficiente para que possamos chegar ainda sãos e lúcidos ao final.

Se ainda não cometemos nenhuma loucura, é porque atos impulsivos em nada contribuiriam com o que queremos. Há de ser com naturalidade, serenidade e consciência que faremos o que temos que fazer, porque estamos cientes do norte a ser perseguido e, neste sentido, seguiremos ou serenos ou fingindo serenidade, posto que na minha idade, desesperos não são bem vistos e nem contribuem positivamente com minha imagem pessoal e profissional.

Se temos a mesma bússola e a mesma busca, não há porque precipitar atos que poderiam, até mesmo, desviar-nos do curso. Sabemos que a dosagem homeopática de lenitivos nos tem sido bons motivos a acreditar e reavaliar essa luta tácita, essa força por nós intuida e em nossas almas, ou seja lá como a chamemos, profundamente imiscuída.

Temos pressa e, portanto, é necessário andar cada passo, subir cada degrau, analisar o vão, o vazio que separa um de outro pé no chão. Essa pressa não é só de vontade a ser realizada mas da qualidade a ser perpetuada, já que somos os perfeccionistas que somos.

Mas temos pressa e temos que nos utilizar de precisão cirúrgica para cada ato, cada novo fato que viermos a criar e dele fazer um elo a mais nessa corrente que não nos ata, mas impulsiona para a frente como se movida por rodas dentadas a acelerar o movimento, alimentadas apenas pela vontade em si.

Temos pressa, e esse saber de nossa finitude nos fará presentes nos olhares e afagos que trocaremos cada vez mais amiúde, cada vez mais intensos e serenos, porque nessa pressa, de repente nos encontraremos.

Um comentário:

Carlos Cruz disse...

devagar e sempre, esse é meu, digo, nosso martinhodaviliriano lema.


bacana, ruy mano véi.