segunda-feira, 8 de março de 2010

Choro maduro

Mescle as teclas e faça o acorde. Uma nota a mais e é o fiorde, o abismo, o cismo, embora o mesmo já feito. A música não tem jeito, é matemática, lógica, pitagórica e não importa a retórica. A música busca lágrimas em seu esconderijo, seja você o mais frágil ou o mais rijo dos seres, o máximo que faz é disfarçar. Por vezes uma indumentária agressiva, que nada difere da veste angelical dos sensíveis. Mas cada um sente como aprendeu.
Minha vida não foi feita só de porradas físicas. Algumas aqui e ali, mas todas superáveis. O rigor do pai, os parceiros mais velhos e por conseqüência mais valentões me renderam alguns hematomas na pele, superficiais. Cada rouxidão uma lição. Mas ainda não desaprendi de chorar. Joelhos esfolados hoje não são suficientes, mas tanto as coisas que nos fazem contentes quanto as memórias das vergonhas são suficientemente reais e enfadonhas e nos ordenham os lacrimais.
Tanto faz. Aprendi a ser racional. Depois de todo o aprendido, agora só choro escondido.