terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

De Cidades e Pessoas

As cidades e as pessoas são iguais. Diferem, talvez em pormenores, nas coisas menores, mas sabemos que são sempre as mesmas. As mesmas ruas, o mesmo casario, o mesmo sonho, o mesmo desvario e a mesma realidade.


Não há que se contestar a cidade. A vida urbana se repete como se fora uma enquete entre seres idênticos, ardentes e céticos a um mesmo tempo. O espaço se contrai de uma urbanização a outra, diferindo em questiúnculas, mas iguais nas mesmas agruras, seja no cortiço, seja no apartamento, seja na casa com jardim ao relento. De alguns desses lugares vemos estrelas, de outros apenas desejamos vê-las. De alguns há um pedaço de firmamento e de outros, ricos que são, nem ao menos um momento.


As cidades e as pessoas são iguais. Diferem nos sonhos de consumo e, o que é incrível, quem tem mais sonha ser como quem tem menos e quem tem menos sonha demais.


As cidades e as pessoas são, não mais, do que a amante idealizada, morta quando consumada, esquecida e enterrada, mas presente, viva e sã.


As cidades e as pessoas são uma idéia vã. Benquista enquanto desejada, necessariamente esquecida quando consumada. As cidades e as pessoas, são águas passadas, tantas águas iguais no seu rufar, tanto agressivas em sua enchente, tanto as mesmas quando águas passadas, apenas passadas na vida da gente.

2 comentários:

Lúcia Gönczy disse...

Querido Ruy,

Amei sua ótica toda poética, romântica e realista, ao mesmo tempo.
No raso, o todo é diferente; no fundo, a percepção é contundente!!!

Beijão

Lúcia Gönczy

Maria do Carmo Antunes disse...

Nada como uma visão poéticoarquitetônica da cidade de são Paulo! Maravilha!
Bjs.
Maria do Carmo