sexta-feira, 30 de maio de 2008

Deixo estar

Deixo estar, pois deixando acontece o que se tece, o que se fia e se confia. Deixo tempo para ver tanta beleza, já que o tempo da beleza é permanente e somente exige o pouco tempo que se tem ou se inventa.

Pés na terra. A mim não interessa a calmaria e a tormenta que se pode recriar. São do mar esses fenômenos estranhos.

Deixo estar, porque deixando acontecem as surpresas que conhecem as entranhas, artimanhas do destino, armadilhas do acaso e que, caso as soubesse de antemão, não fluiriam.

Deixo estar porque o que deixo é mais completo, lícito, livre, sério. Assim é o bem estar que se tem visto.

E assim, se está bem, então é só o que se tem que forma o fato. É nesse ato, combinado em silêncio, sem barganha, acordado em tantos termos, sem contrato, que deixo estar de fato e vou inteiro.

Um comentário:

Patrícia Gomes disse...

primeira leitura aqui senti um Q de Clarice, e já me deixou com fome de mais!!! ;o)