sábado, 6 de junho de 2009

Hoje acordei com saudade

Hoje os meus olhos estão mais baixos. Eu tenho quase tudo para estar bem e se não estou o problema é meu. Até a TV, invasiva, está tocando, alegre, uma daquelas músicas de “happy end”, daquelas inconfundíveis.


Minhas emoções são incríveis. São fixadas em imagens estáticas de passados que se negam a passar que os hormônios se negam a abandonar que os neurônios não deixam por menos. Pormenores, apenas pormenores que insistem em atos de tortura para quem quer levar uma vida reta e discreta.


Hoje os meus olhos insistem em olhar para dentro, para o centro do que é o mais corrosivo e ácido, não há acordo firmado ou tácito que os demovam do intento. Hoje não há a paz que finjo ou invento, não há contemporizador ou lenitivo que remova ou aplaque a dor do que penso.


Hoje acordei para lembrar o que temi, o onde me acovardei, o onde errei. Um dia que quero salgar para que dele não brote nem erva daninha, nem ar.


Hoje acordei com saudade.

2 comentários:

Cris Dakinis disse...

Amigo, parei de curiosidade em tua página e está difícil sair dela. Comento neste. Mas os outros textos/poemas são igualmente maravilhosos... Tudo que li!
Taí uma vantagem das redes sociais: tropeçamos em links e encontramos estrelas.
Há lirismo transbordante em tua escrita e eu gostei demais (amei!).
Volto depois, poeta!
Comentei neste post, porque costumo preocupar amigos qdo digo "sentir saudades de mim". Agora, veja, isto não mais acontecerá; eu os redirecionarei a este teu texto!
Saudações!

Valeria Mondelli disse...

Às vezes me sinto assim. Havia muito tempo que eu não pensava no meu passado, entrei no seu blog, li sua postagem e quando tomei coragem de comentar percebi que o único comentário feito foi no aniversário do meu marido. Me deu saudade de uma boa conversa.