terça-feira, 30 de junho de 2009

Rocha

Uma rocha me pesa sobre o peito e não tem jeito. E esse peso me esboça e compõe em mim a troça, a brincadeira, a estranha maneira de me despertar e arrasar.

Uma saudade mais que doída, quase a desistência da vida de tanto que aperta essa peça, que eu bem sei onde começa, mas não sei onde se interrompe. E me rompe esse peso. Fosse eu um náufrago, jamais voltaria a boiar para ser encontrado. Fosse eu um astronauta, jamais voltaria à pauta dos controladores.

É meu peso, são minhas dores, são as escolhas impossíveis, já que somos nós os escolhidos como eternos atores ou meros impostores, dependendo da ótica de quem vê ou do que crê.

Mas há um peso imiscível sobre o peito de quem, de algum jeito, ama e reclama esse amor, possível ou não, factível ou não. Ah, se eu tivesse crenças, esta seria a hora certa de fazer uma oração. Se meus acordes me ouvissem, eu faria uma canção triste e bela, como aquela que mais te tocou, seja ela qual for.

Fui, em uma instância, quase proibido de falar a palavra amor, mas esta é a que me ocorre, não me socorre, apenas aparece como se fora uma prece inacabada, desesperada, uma prece que rogasse o impossível.

Uma rocha me pesa sobre o peito e não tem jeito. Devo cuidar desse cobertor com a dor que me é imposta, fazendo sempre a aposta naquilo que me surpreende, que acontece e ninguém entende, como as linhas que o acaso tece sem se importar com quem os merece.

2 comentários:

Sole disse...

Oi vim dar um alô

bjos

Carlos Galdino disse...

Que bom ler suas poesias ! e encontrar vocÊ por aqui !

abço